Meu pai já falecido, como bom gaúcho, curtia uma bombacha bem costurada, bigode e chapéu e dos lindos.
Em nossas conversas, caminhando pelos pampas do RGS me dizia certa vez: a cabeça nem é só para usar chapéu. Com isto provavelmente deixa em aberto as possibilidade de pensar em varias circunstâncias da vida. Ele mesmo com apenas 2 série do primeiro grau incompleto fez uso do seu potencial para deixar muitos de “boca aberta” de tão sábio que foi. Filho "rapa do tacho", dos últimos de uma grande família de 11 filhos.
Crenças e religiões.. lembro dele ser uma pessoa que amava a natureza e pouco percebi ser devoto de igrejas. Sua igreja era a natureza e os animais que cuidava com devoção e amor. Isto eu presenciei seu amor aos bichinhos. Ele era criador de bovinos e ovinos. Curti muito o nascimento de inúmeros bezerros e de longe a paisagem era linda, parecia pequenas pedras brancas no meio do campo.
Mas na verdade eram os filhotes que depois eram vendidos para a engorda e depois iam para o abate.
Um pouco de recordações vieram a minha mente ao ler uma reportagem de Alain Botton, filósofo suiço.
e seu livro “ Religião para Ateus”. A reflexão que os anos de vida permitem ao ser humano por mais ateísta que seja, sempre em algum momento, acontecimentos podem rever idéias muitas vezes “rígidas” sobre crenças, fé, religião. Ele se diz hoje mais receptivo e faz alguns comentários que gostei. O indispensável as boas relações interpessoais não há como negar da necessidade de alguns elementos como a amizade, a gratidão, a arte, a educação e a convivência em comunidade e transcendência para o indivíduo desenvolver capacidades. Impossível alguém chegar em qualquer ponto de desenvolvimento sem as mesmas. Ele mesmo se diz ser um ateu interessado nos mecanismos que envolvem os fiéis como a fé e as emoções. Sua inquietude de jovem aos 42 anos fez dele um escritor muito lido “em querer aproximar a reflexão filosófica da fica cotidiana”. Fundou a "Escola para a vida" em 2008 quee funciona em uma discreta casa em Londres, na Marchmont Street.
Lembrei que eu tinha muita vontade de crescer e poder me mandar. Como morava na zona rural estudei em colégio de freiras e ia a missa contrariada aos domingos. Como colocavam na nossa cabeça de 8 a 10 anos que tínhamos pecados, então levantava por dias seguidos as 06 hs para rezar e diminuir os pecados. Hoje penso que pecados..???.A sensação hoje, que naquela época eu tinha sede de ser eu mesma sem necessidade das regras ditadas. Hoje vou a Igreja quando eu tenho vontade e de agradecer pela vida e bênçãos. Não me detenho em rituais religiosos por não sentir essa necessidade.
Desde pequena já tinha a emoção madura ou desprendimento, talvez pelo tipo de situação que me fez amadurecer, longe dos convívio dos pais aos 8 anos em colégio interna.
Ser independente em tomada de decisões me fez unir o simples, vida no campo ao modo de vida moderno sem perder a essência., o amor a natureza e a vida. Ter fé é para mim acreditar em forças que não é possível saber de onde vem, mas existe e isto impulsiona a busca por entendimento e melhor qualidade de vida, longe dos laboratórios montados. A vida é um grande laboratório e por isso gostei deste autor filosofando sobre o cotidiano dos que acreditam e não acreditam.
Mas todos foram criados por forças integrativas interessantes que unem células e nascem bebês.
Um assunto que me suscita entusiasmo é o nosso cérebro. Ele diz que o mundo ou as pessoas podem “ ver o homem como apenas cérebro grande”, um amontoado redondo fico imaginando. Penso que o mundo vive em uma avalanche de criaturas insatisfeitas com a própria vida e que as religiões mechem com arte as emoções e por isso somente a razão seria insuficiente para completar ou preencher significados de existência.
Quando li certa vez “que existe muitas coisas não explicadas entre o céu e a terra” faz sentido. A formação de cada ser humano vai depender de modelos, de ambiente ainda intra útero e vida fora do ventre materno, de qualidade de amor e de prazer .
